A humildade é o cordão que une todas as demais virtudes em um colar precioso e santo. A soberba é a corrente que aprisiona as almas nos mais torpes vícios. Preservai o vosso servo do orgulho; não domine ele sobre mim, e assim puro eu serei preservado dos delitos mais perversos (Salmo 18)
OS GRAUS DA HUMILDADE E DA SOBERBA – SÃO BERNARDO DE CLARAVAL
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Nesta sua obra de juventude, São Bernardo de Claraval (1090-1153) já dava mostras inequívocas da altitude a que poderia chegar como místico, como teólogo e como apologeta. Trata-se de um comentário espiritual ao capítulo VII da Regra de São Bento, escrito a pedido de Godofredo de la Roche-Vanneau (?-1164), seu primo, então abade do mosteiro cisterciense de Fontenay.
Ao falar da virtude da humildade, Bernardo se vê compelido a pô-la em paralelo com o seu vício contrário, a soberba, mostrando de maneira grandemente pedagógica o dinamismo da psique humana a partir do simbolismo da escada de Jacó. Dele se vale o notável santo para apresentar a humildade como o primeiro degrau duma subida heróica, e a soberba, por sua vez, como o primeiro passo duma descida culpável.
Não se pense que este breve tratado é uma schola humilitatis útil apenas para monges ou pessoas consagradas, pois ele diz respeito à dificultosa caminhada do homem sobre o pó deste mundo, durante a qual se vê desafiado a vencer as suas próprias debilidades e alcançar um equilíbrio sempre tênue, sempre tenso, sempre frágil; um equilíbrio feito de inúmeras incertezas, porém vincado na certeza de que, em Deus, ele pode superar-se a si mesmo, transcender-se misteriosamente, sem deixar de viver as contradições inerentes à sua condição de ente situado entre os planos sensível e inteligível.